Fezes humanas e de animais cobrem o piso do refeitório. Árvores romperam
o cimento e invadiram salas de aulas, corredores, paredes. As telhas de
vários galpões jazem espatifadas no chão, assim como ripas e caibros.
Portas e janelas hoje fecham a casa de quem as arrancou e levou embora.
Alunos? Professores? Apenas formigueiros.
No cenário de destruição em que se transformou o Colégio Agrícola de Pio IX (um complexo de 30 edificações), somente as losas permanecem intactas. A maioria delas sem um risco de giz, limpas a espera das primeiras lições.
A obra começou a ser erguida em 1995. Localizado há menos de um quilômetro da sede do município de Pio IX, o Colégio Agrícola é um exemplo de mau uso do dinheiro público no Piauí. Mais de R$ 1 milhão de verbas municipais e federais foram destinadas para a unidade, que nunca funcionou. Móveis e equipamentos se perderam com o tempo, assim como a esperança da população em ver o local ser palco de ensino.
“Desde a década de 90 que denuncio por carta e telefonemas o que aconteceu com o Colégio Agrícola e nada foi feito, nada mudou, nenhuma fiscalização apareceu e nenhum gestor foi punido por o que aconteceu aqui”, relata o dentista Luis Pereira de Alencar.
A dois quilômetros dali está localizado o núcleo da Unidade Aberta do Brasil (UAB) de Pio IX. A obra de construção de seis salas de aula deveria ter sido concluída em 90 dias. Quase três anos depois, o prédio permanece fechado. Mais de R$ 600 mil foram destinados – mais do dobro previsto no projeto inicial -, mas a empresa Moderna abandonou a cidade porque os recursos acabaram. A Fênix, primeira empresa contratada, fez o mesmo, deixando dívidas até em uma padaria.
Os equipamentos do laboratório de Química nunca foram enviados pela Secretaria de Educação do Estado por falta de espaço físico. Os de Informática também. Os 79 alunos aprovados no primeiro e único vestibular– para os cursos de Química, Pedagogia e Letras/Espanhol - dividem espaço com crianças e adolescentes nas escolas de ensino fundamental e médio do município. O Ministério da Educação e Cultura suspendeu a oferta de novas vagas.
Onde foram parar os recursos? “Ninguém sabe”, resigna-se a professora Clenúbia Alencar [foto abaixo], tutora da UAB de Pio IX. Aluno do curso de Pedagogia, Rafael Morais empresta voz ao sentimento dos estudantes. “É um sonho que virou pesadelo. Moramos longe da capital, temos poucas oportunidades e a que temos acaba assim... Nos sentimos impotentes e prejudicados”, confessa.
As obras citadas acima foram visitadas nesta quinta-feira (14) pela Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida. O advogado Arimatéia Dantas, um dos organizadores do movimento, demonstrou surpresa com o que viu e documentou.“Dois locais destinados ao ensino em Pio IX estão nesta situação...Parece que a população daqui está condenada a viver na ignorância”, disse após visitar os centros de ensino inacabados e abandonados.
A Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida fiscalizou também outras sete obras construídas ou iniciadas com verbas públicas em Pio IX. Adutoras de água nunca concluídas, onde mais de R$ 1 milhão foram gastos, também foram visitadas pelo movimento.
Objetivos
A ideia da Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida é ouvir relatos, documentar a situação, reunir documentos e formalizar denúncias junto aos órgãos de fiscalização, como os Tribunais de Contas do Estado e da União. “Queremos também estimular a indignação consequente da sociedade contra atos de corrupção, saindo dessa posição passiva e iniciando um processo de vigilância permanente”, completa Arimatéia Dantas.
Após um dia de andanças pelo município de Pio IX, a força-tarefa parte para outros municípios. Em 15 dias eles pretendem percorrer uma dezena de cidades e fiscalizar 66 convênios onde foram empregados R$ 21 milhões.
Imagens do Colégio Agrícola de Pio IX
No cenário de destruição em que se transformou o Colégio Agrícola de Pio IX (um complexo de 30 edificações), somente as losas permanecem intactas. A maioria delas sem um risco de giz, limpas a espera das primeiras lições.
A obra começou a ser erguida em 1995. Localizado há menos de um quilômetro da sede do município de Pio IX, o Colégio Agrícola é um exemplo de mau uso do dinheiro público no Piauí. Mais de R$ 1 milhão de verbas municipais e federais foram destinadas para a unidade, que nunca funcionou. Móveis e equipamentos se perderam com o tempo, assim como a esperança da população em ver o local ser palco de ensino.
“Desde a década de 90 que denuncio por carta e telefonemas o que aconteceu com o Colégio Agrícola e nada foi feito, nada mudou, nenhuma fiscalização apareceu e nenhum gestor foi punido por o que aconteceu aqui”, relata o dentista Luis Pereira de Alencar.
A dois quilômetros dali está localizado o núcleo da Unidade Aberta do Brasil (UAB) de Pio IX. A obra de construção de seis salas de aula deveria ter sido concluída em 90 dias. Quase três anos depois, o prédio permanece fechado. Mais de R$ 600 mil foram destinados – mais do dobro previsto no projeto inicial -, mas a empresa Moderna abandonou a cidade porque os recursos acabaram. A Fênix, primeira empresa contratada, fez o mesmo, deixando dívidas até em uma padaria.
Os equipamentos do laboratório de Química nunca foram enviados pela Secretaria de Educação do Estado por falta de espaço físico. Os de Informática também. Os 79 alunos aprovados no primeiro e único vestibular– para os cursos de Química, Pedagogia e Letras/Espanhol - dividem espaço com crianças e adolescentes nas escolas de ensino fundamental e médio do município. O Ministério da Educação e Cultura suspendeu a oferta de novas vagas.
Onde foram parar os recursos? “Ninguém sabe”, resigna-se a professora Clenúbia Alencar [foto abaixo], tutora da UAB de Pio IX. Aluno do curso de Pedagogia, Rafael Morais empresta voz ao sentimento dos estudantes. “É um sonho que virou pesadelo. Moramos longe da capital, temos poucas oportunidades e a que temos acaba assim... Nos sentimos impotentes e prejudicados”, confessa.
As obras citadas acima foram visitadas nesta quinta-feira (14) pela Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida. O advogado Arimatéia Dantas, um dos organizadores do movimento, demonstrou surpresa com o que viu e documentou.“Dois locais destinados ao ensino em Pio IX estão nesta situação...Parece que a população daqui está condenada a viver na ignorância”, disse após visitar os centros de ensino inacabados e abandonados.
A Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida fiscalizou também outras sete obras construídas ou iniciadas com verbas públicas em Pio IX. Adutoras de água nunca concluídas, onde mais de R$ 1 milhão foram gastos, também foram visitadas pelo movimento.
Objetivos
A ideia da Marcha Contra a Corrupção e Pela Vida é ouvir relatos, documentar a situação, reunir documentos e formalizar denúncias junto aos órgãos de fiscalização, como os Tribunais de Contas do Estado e da União. “Queremos também estimular a indignação consequente da sociedade contra atos de corrupção, saindo dessa posição passiva e iniciando um processo de vigilância permanente”, completa Arimatéia Dantas.
Após um dia de andanças pelo município de Pio IX, a força-tarefa parte para outros municípios. Em 15 dias eles pretendem percorrer uma dezena de cidades e fiscalizar 66 convênios onde foram empregados R$ 21 milhões.
Imagens do Colégio Agrícola de Pio IX
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